Promoção da agricultura sustentável, utilizando remineralizadores, que são
fertilizantes naturais, sem químicos e sem metais pesados, aumentando a eficiência, reduzindo os impactos ambientais, revitalizando sistemas produtivos e alimentares.
Pó de rocha é qualquer rocha apresentada na forma de pó resultante da sequência de etapas
de britagem, moagem e classificação por tamanho de partículas. Porém, destaca-se que nem
todos os pós de rochas podem ser utilizados na agricultura. Somente aqueles que tiverem sua
eficiência comprovada e teores de metais pesados abaixo dos limites estabelecidos pela
legislação são aptos para uso agrícola. Agromineral abarca todos os materiais de origem
mineral que podem ser utilizados na agricultura de forma eficiente e segura (ex.: calcários,
fosfatos, remineralizadores) e que possuem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa). Já um remineralizador é uma categoria específica de insumo agrícola
estabelecida pela legislação dos fertilizantes, cuja definição se dá pela Lei nº 12.890/2013
(Brasil, 2013), sendo todo material que tenha sofrido apenas processos de redução de
tamanho de partículas e que altere os índices de fertilidade do solo por meio da adição de
macro e micronutrientes para as plantas, bem como promova a melhoria das propriedades
físicas ou físico-químicas ou da atividade biológica do solo.(Embrapa)
A dissolução dos minerais e liberação dos nutrientes é proporcional à área superficial
específica das partículas, sendo fundamental que os minerais sejam quebrados e expostos ao
intemperismo. Em geral, partículas <0,3 mm (50 mesh) proporcionam reatividade adequada
para favorecer a liberação dos nutrientes para o solo e para as plantas. Em função do aumento
da área de contato com os agentes que irão promover a alteração dos minerais (aquecimento-
resfriamento, umedecimento-secagem, ácidos orgânicos, raízes, microrganismos do solo, etc.),
ocorre maior liberação dos nutrientes para o solo. Contudo, algumas rochas, cujos minerais
sejam de intemperismo acelerado, podem ser ofertadas com maior tamanho médio de
partículas, por apresentarem características que favorecem a liberação dos nutrientes. Por
outro lado, existem rochas que portam determinados tipos de minerais que, mesmo após
passarem por moagem fina (<0,037 mm ou 400 mesh), não apresentam efeito agronômico (ex:
feldspatos potássicos). Nesse caso, é necessário adotar outros processos/rotas
tecnológicas.(Embrapa)
Depende do tipo de agromineral. Se o produto for um calcário, um fosfato natural, uma rocha
potássica ou fonte de outros nutrientes, cuja recomendação esteja estabelecida pelos órgãos
oficiais (CQFS, 2016), deve-se seguir essas orientações, tendo-se em mãos uma análise de solo
representativa da área em que o produto será utilizado. Se for um remineralizador, deve-se
basear na análise do solo, nas necessidades da cultura em questão e nas garantias mínimas do
produto, fornecidas pelo fabricante. Para remineralizadores, têm sido utilizadas, em média, 2 a
5 toneladas por hectare. (Embrapa)
Remineralizadores, em geral, são fontes de Ca, Mg, P e K; a maioria dos produtos também
fornece micronutrientes, mesmo que em pequenas quantidades; nenhum remineralizador
registrado é fonte significativa de nitrogênio. Sendo assim, cada caso deve ser avaliado
individualmente, considerando a situação da fertilidade do solo, a necessidade das culturas e
as garantias de cada produto. Não é possível generalizar, porém, o que tem sido verificado
com frequência é que os remineralizadores aumentam a eficiência de uso dos fertilizantes
solúveis, ou seja, em solos de boa qualidade e para estratégias de manejo com baixo
investimento, tem se mostrado viável a substituição parcial das fontes solúveis por
remineralizadores, mantendo-se produtividades equiparáveis às obtidas com a dose integral
das fontes solúveis. Lembrando que, quanto melhor o manejo da fertilidade do solo (adubação
verde, rotação de culturas, cobertura permanente do solo, controle da erosão, etc.), maior
será a eficiência dos insumos utilizados, e maior a possibilidade de redução da dose das fontes
solúveis de nutrientes. (Embrapa)
Aumento da CTC – o uso de remineralizadores libera minerais no solo, como o silicato, que sai
da estrutura cristalina do material, liberando cargas negativas e contribuindo para a CTC. A
rochagem permite a formação de novos argilominerais, reiniciando o processo de
intemperismo e elevando a CTC do solo;
Aumento gradual do pH – com a liberação gradual de nutrientes a elevação de pH é mais
lenta, resultando em baixo efeito salino (quando comparado aos fertilizantes de alta
solubilidade), menor susceptibilidade à lixiviação e maior efeito residual no solo. Os
remineralizadores podem liberar diversos nutrientes, como potássio, magnésio, cálcio, fósforo,
silício, ferro, níquel, manganês, zinco, cobre, molibdênio, selênio etc. Alguns desses elementos
muitas vezes são esquecidos, como por exemplo o silício, que é benéfico para a maioria das
plantas, se alocando nas paredes celulares e favorecendo a resistência contrafatores de
estresses bióticos e abióticos (RICHMOND; SUSSMAN, 2003), como por exemplo seca ou
doenças.
Maior eficiência de fertilizantes – O potássio é adsorvido na superfície silicática, sofrendo
menores perdas por lixiviação. Outro exemplo é o ânion silicato, que quando liberado no solo
compete pelos sítios de adsorção de fósforo, aumentando a disponibilidade deste nutriente
para as plantas (CASTRO & CRUSCIOL, 2013).
Atividade biológica – o uso de remineralizadores aumenta a população de microrganismos no
solo que interagem com estes produtos. Os microrganismos são onipresentes em tudo o que
se refere ao mundo mineral aos solos (PRONK et al., 2017). Na relação minerais-
microrganismos pode-se dividir as interações em dois tipos: as de superfícies como espaço de
fixação e as de acesso a nutrientes, o que geralmente ocorre em conjunto. Quando o
remineralizador é aplicado ao solo aumenta-se a superfície específica, criando uma grande
ampliação de nichos para interações minerais-microrganismos, o que resulta no aumento de
raízes das culturas. O aumento de exsudatos das raízes significa oferta de nutrientes para os
microrganismos, por sua vez, o aumento de microrganismos intensifica os mecanismos de
biodissolução ou biointemperismo dos minerais adicionados. Os mecanismos envolvem a
geração de condições ácidas por meio da síntese de ácidos orgânicos e inorgânicos, da
Retenção de água e melhoria da estrutura do solo – o silício possui boa capacidade de reter
água no solo, já na planta, o seu alojamento na epiderme reduz a transpiração, reduzindo as
perdas de água. Além disso, no solo, a disponibilização de nutrientes na rizosfera faz com que
a planta libere exsudatos, que junto com os novos nutrientes, estimulam o aumento de
microrganismos, aumentando o carbono no solo e sua adsorção nas fases minerais, formando
agregados e melhorando a retenção de água no solo;
Diminuição do desperdício de fertilizantes – os fertilizantes convencionais possuem alta
solubilidade, e o que não é absorvido pela planta em um determinado momento pode ser
perdido por processos como lixiviação. No caso dos remineralizadores, a liberação ocorre em
maior sincronia com a taxa de absorção da planta, ocorrendo menores desperdícios;
Facilidade de aplicação – os remineralizadores podem ser aplicados facilmente, permitindo
aplicação única, diretamente no solo, a lanço ou no sulco, sem necessidade de parcelamentos,
em qualquer época do ano, através de um distribuidor de sólidos, manualmente ou até com o
mesmo maquinário utilizado para aplicar calcário. Essa facilidade permite expressiva redução
nos custos.
Liberação gradual – os remineralizadores liberam os nutrientes de forma gradual no solo,
acompanhando o ciclo de vida da planta em todas as fases.
Maior resistência a pragas, doenças, seca, geadas, ventos… – os remineralizadores oriundos
de rochas silicáticas possuem um alto teor de silício que é bastante utilizado no controle
cultural de pragas e doenças. Este elemento benéfico se aloja na parede celular das plantas,
aumentando sua espessura e rigidez, dificultando a penetração de patógenos. O mesmo pode
ocorrer para insetos, como por exemplo no caso das lagartas, que necessitam de maior esforço
da mandíbula para consumir as folhas, tendo um maior desgaste e menor consumo. Diversos
estudos constataram resultados positivos, relacionando com a teoria da Trofobiose. Além
disso, o silício ao se alocar nas paredes celulares, reduz a transpiração das plantas, reduzindo
as perdas de água, além de proteger contra geadas, ventos etc.
Estímulo do sistema radicular – diferente do fertilizante convencional que é colocado no pé da
planta e não estimula as raízes a buscarem o nutriente, os remineralizadores estimulam a
planta a emitir raiz e capturar os nutrientes, além da possibilidade de influenciar na densidade
de esporos e colonização de raízes por fungos micorrízicos arbusculares (EDWARD, 2016;)
Sim, o uso de remineralizadores melhora a qualidade nutricional das plantas e
consequentemente a nossa saúde. O uso de alimentos orgânicos está em alta, mas devemos
ficar atentos à nutrição do solo e da planta desses produtos.
A adição de fertilizantes ricos em
macro e micronutrientes através do uso de remineralizadores (fertilizantes 100% naturais sem
aditivos químicos) melhora a qualidade nutricional dos alimentos orgânicos e de todas as
outras culturas. Este talvez seja um dos debates mais importantes sobre o uso dos
remineralizadores. Entre 1940 e 2002, houve uma redução de alguns minerais nos alimentos.
O magnésio diminuiu 24%, o potássio diminuiu 26% e o cálcio diminuiu 46%. Em 10 tipos de
carne, a média de diminuição de minerais foi de 28% (THOMAS, 2007). Deste fato surge toda
uma reflexão sobre as consequências para o nosso organismo pela menor ingestão em
quantidade e diversidade de minerais, gerando a fome.
Alguns pesquisadores
defendem de que a longevidade excepcional de diversos povos sadios é associada ao plantio
em locais rochosos, onde os alimentos contêm maior quantidade e diversidade de minerais,
que também são encontrados nos remineralizadores.
A dependência do potássio como única fonte mineral na produção agrícola diminuiu o valor
nutricional dos alimentos ao longo dos anos, o que ocasionou uma crise de saúde pública. Há
necessidade de suplementar, porque não estamos consumindo mais alimentos com nutrientes
que precisamos, então temos problemas com depressão e outras doenças relacionadas ao
déficit nutricional.
O Centro Universitário UNIDAVI, em 2014, realizou uma pesquisa cultivando alguns alimentos
com remineralizadores. Um dos resultados mais expressivos foi o aumento de 82% de cálcio,
48% de magnésio, 30% de potássio e 1073% de zinco no cultivo da cebola.
Sequestro de carbono – o uso dos remineralizadores pode aumentar a captura de CO2
atmosférico, através da formação de micro agregados carbonatados no solo (CHURCHMAN et
al., 2020) ou potencializando o crescimento de espécies florestais (SOARES, 2018), exprimindo
o potencial de uso dos remineralizadores em projetos de créditos de carbono. Porém, ressalta-
se que este aspecto ainda é bastante recente, carecendo de mais pesquisas para se obter
dados mais precisos;
Menor risco de contaminação de aquíferos – ainda sobre a baixa velocidade de liberação, esta
faz com que os nutrientes sejam mais absorvidos pelas plantas, sendo menos lixiviados e
carregados para aquíferos;
Preservação da biodiversidade – o uso de remineralizadores revitaliza a biota do solo,
geralmente muito afetada pela utilização de fertilizantes químicos.
Recuperação de áreas degradadas – o uso de remineralizadores propõe uma sinergia de
práticas mecânicas, ecológicas e agrícolas. Em áreas que sofreram intensos processos de
intemperismo, encontrando-se pobres em nutrientes, os remineralizadores podem reiniciar
tais processos, readicionando minerais ao solo de maneira gradual, facilitando o crescimento
de novas plantas em sucessão natural. Um estudo realizado em MG averiguou que o uso de
remineralizadores da família dos kamafugitos beneficiou o desenvolvimento de novas plantas
em áreas degradadas devido à adição de novos minerais, além de reduzir a toxidez de alumínio
no solo através do acréscimo de cálcio e magnésio (THEODORO; MEDEIROS, 2017).